Burro,
estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…
Burro,
estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…
Burro, estúpido, camelo,
surdo, mudo, cu…
Foi-me dito, por quem é
entendido nestes assuntos, que aquela ladainha, ao ser repetida com convicção
durante trinta vezes e com o pensamento direccionado para alguém, torna essa
pessoa incapaz, atrofiada, imbecil, desmemoriada, tolhida de movimentos e com
os membros rígidos como os lombos de bacalhau seco [no caso de se tratar de alguém
do sexo masculino, o quinto membro fica para sempre na posição de “pinga-pró-chão”],
desprovida de olfacto e de tacto, com a visão reduzida ao mínimo dos mínimos, o
que nem lhe permite vislumbrar as notas de 100 euros [diga-se em abono da
verdade que isso também acontece a 99,99% da população portuguesa], de paladar
aferido para vomitar tudo o que não seja restos dos refeitórios das prisões
portuguesas e com a audição diminuída ao ponto de só ouvir os seus próprios
pensamentos.
Ora acontece que, ao saber
das propriedades daquela ladainha, comecei logo a ensaiar a primeira série com
a figura do primeiro-ministro no meu subconsciente. Ainda não sei se os efeitos
já começaram a manifestar-se no dito, mas estou disposto a continuar tantas
vezes quantas as que forem necessárias, pois convicção e empenho são coisas que
não me faltam.
Mas vou necessitar da ajuda
de todos os que tiverem acesso a este texto para levar a bom termo esta cruzada
de “eliminar” a classe política que nos tem [des]governado ao longo das últimas
quatro décadas. É que dizer a ladainha trinta vezes, com a intenção dirigida a
cada um dos [des]governantes do nosso país, nem daqui a cento e vinte e cinco
anos consigo terminar esta tarefa. É que eles são tantos, tantos!
De facto, são em tal número
que nunca mais acabam. Os [des]governantes, claro! Senão, comecemos a contar: o
presidente do país, a presidente e os vice-presidentes da assembleia da
república, as deputadas e os deputados, o presidente e os juízes do supremo
tribunal de justiça, o presidente e os juízes do tribunal constitucional, o
presidente e os membros do tribunal de contas, o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro,
as ministras e os ministros, as secretárias de estado e os secretários de estado,
as subsecretárias de estado e os subsecretários de estado, os chefes da casa
civil e da casa militar do presidente do país, as assessoras e os assessores dos
chefes da casa civil e da casa militar do presidente do país, as assessoras e
os assessores da presidente e dos vice-presidentes da assembleia da república,
as assessoras e os assessores do presidente e dos juízes do supremo tribunal de
justiça, as assessoras e os assessores do presidente e dos juízes do tribunal
constitucional, as assessoras e os assessores do presidente e dos membros do
tribunal de contas, os chefes de gabinete do primeiro-ministro, os chefes de
gabinete do vice-ministro, as assessoras e os assessores do primeiro-ministro,
as assessoras e os assessores do vice-ministro, as assessoras e os assessores
das ministras, as assessoras e os assessores dos ministros, as assessoras e os
assessores das secretárias de estado, as assessoras e os assessores dos
secretários de estado, as assessoras e os assessores das subsecretárias de
estado, as assessoras e os assessores dos subsecretários de estado, as
especialistas e os especialistas do primeiro-ministro, as especialistas e os
especialistas do vice-ministro, as especialistas e os especialistas das
ministras, as especialistas e os especialistas dos ministros, as especialistas
e os especialistas das secretárias de estado, as especialistas e os
especialistas dos secretários de estado, as especialistas e os especialistas
das subsecretárias de estado, as especialistas e os especialistas dos subsecretários
de estado, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores do
primeiro-ministro, as consultoras e os consultores das assessoras e dos
assessores do vice-ministro, as consultoras e os consultores das assessoras e
dos assessores das ministras, as consultoras e os consultores das assessoras e
dos assessores dos ministros, as consultoras e os consultores das assessoras e
dos assessores das secretárias de estado, as consultoras e os consultores das
assessoras e dos assessores dos secretários de estado, as consultoras e os
consultores das assessoras e dos assessores das subsecretárias de estado, as consultoras
e os consultores das assessoras e dos assessores dos subsecretários de estado. Ufa!...
que grande corja de incompetentes e medíocres [com raríssimas excepções, um
aqui, outro acolá]!
Falta ainda referir os
detentores do poder local, aqueles que mandam bitaites nas autarquias deste
país. Então, continuemos a contar: os presidentes das câmaras, os
vice-presidentes das câmaras, os vereadores, os presidentes e os vogais das
mesas das assembleias municipais, os chefes dos gabinetes dos presidentes das
câmaras, os chefes dos gabinetes dos vice-presidentes das câmaras, os chefes
dos gabinetes dos vereadores, os chefes dos gabinetes dos presidentes e dos
vogais das mesas das assembleias municipais, as assessoras e os assessores dos
presidentes das câmaras, as assessoras e os assessores dos vice-presidentes das
câmaras, as assessoras e os assessores dos vereadores, as assessoras e os
assessores dos presidentes e dos vogais das mesas das assembleias municipais,
as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos presidentes das
câmaras, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos vice-presidentes
das câmaras, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos
vereadores, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos
presidentes e dos vogais das mesas das assembleias municipais, as especialistas
e os especialistas das assessoras e dos assessores dos presidentes das câmaras,
as especialistas e os especialistas das assessoras e dos assessores dos
vice-presidentes das câmaras, as especialistas e os especialistas das
assessoras e dos assessores dos vereadores, as especialistas e os especialistas
das assessoras e dos assessores dos presidentes e dos vogais das mesas das
assembleias municipais. Ufa!... outra grande corja de incompetentes e medíocres
[com raríssimas excepções, um aqui, outro acolá]!
Ora quantos são?... Eh pá, não
sei, perdi-lhes a conta. Como estava a contar pelos dedos, as extremidades dos
ditos da mão canhota já estavam com a pele quase a desfazer-se de tantas vezes
que lá passei com a ponta do indicador da outra mão. E, então, desisti de
contá-los. Mas sei, sem medo de errar por muito, que o número tende para o
infinito.
Para completar o quadro
acima, e apesar de não se enquadrarem no conceito de governantes ou de
des[governantes], deve-se juntar às corjas acima referidas os manda-chuva das
empresas públicas ou para-públicas, dos institutos públicos, das organizações
oficiais, das fundações, etc., que influenciam pela negativa, ou até
infernizam, o dia-a-dia de milhões de portugueses. E estão nesse grupo os
presidentes, os vice-presidentes e os vogais dos conselhos de administração, os
presidentes, os vice-presidentes e os vogais dos conselhos executivos, os
directores e os subdirectores daquelas entidades, que se podem enumerar
resumidamente: EDP, Galp, BdP, CTT, CGD, BES, BPI, Banif, BPN, etc.
Para além do problema da
enorme quantidade de paspalhos a mamar dos impostos pagos por todos nós, a outra
questão de grande importância que é necessário referir é a incompetência e a
mediocridade que os [des]governantes revelam no dia-a-dia. Provenientes quase
todos das juventudes partidárias e com percursos apenas nos aparelhos dos seus
partidos, e o mesmo se diga dos principais elementos dos partidos da oposição,
apresentam-se no desempenho de funções governativas com um desconhecimento
quase completo do mundo real e das verdadeiras questões que servem os
interesses da população em geral. Com falta de respeito pela lei fundamental do
país, pelas outras leis e pelas regras consagradas há muito, os sem-vergonha firmam
contratos em que apenas são salvaguardados os interesses privados do poder
económico e acabam por lesar o Estado [ou seja, todos nós] em milhares de
milhões de euros, desde as parcerias públicas privadas nas áreas das vias rodoviárias
e dos transportes, à compra dos submarinos, aos swaps, aos vistos gold, etc. E,
ao mesmo tempo, como forma de compensar os favores concedidos às grandes
empresas nacionais e internacionais, com as “luvas” da corrupção vão obtendo
grandes proventos, que lhes são pagos de imediato em sacos azuis por baixo da mesa
ou transferidos para contas em offf-shores, ou que lhes são prometidos com a
atribuição de “tachos” bem remunerados nessas empresas quando os sem-vergonha
deixarem os poleiros do poder. Paralelamente, vão contratando, a grandes
escritórios de advogados amigos, a legislação apropriada aos interesses do
grande capital, por forma a, de modo escandaloso, expropriar dos seus direitos
os portugueses em geral e, em particular, os funcionários públicos, os
reformados e os pensionistas.
Ao pensar na mediocridade e na
incompetência dos que nos [des]governam, dá-me cá uma gana de incentivar toda a
gente a gritar-lhes:
Burro,
estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…
Burro,
estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…
Burro, estúpido, camelo,
surdo, mudo, cu…
Março/2014