terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Bom rei ou mau filho?


Nestes últimos dias, a minha atenção tem sido atraída por um cartaz, colado em paragens de autocarro, que, em letras bem visíveis, apresenta a dúvida acerca do comportamento de D. Afonso Henriques: bom rei ou mau filho.

Não sei se a culpa foi da RTP por não ter captado o meu interesse para o programa Os Grandes Portugueses ou se o problema foi meu ao ter sido cego e surdo à sua propaganda, o certo é que não vi os episódios já transmitidos. Também não sei se perdi grande coisa por via disso, pois já ouvi algumas críticas de amigos quanto à sua apresentação e à fórmula encontrada para a escolha dos dez grandes. Mas isso, creio, são outras histórias…

Não fui cativado pelos anúncios da televisão, mas fui-o pelo cartaz. A incerteza quanto à conduta do nosso primeiro rei conseguiu mexer comigo. Neste caso, a publicidade resultou.

E, por isso, às tantas estava às voltas com calhamaços de História de Portugal e com motores de busca e enciclopédias da internet, na tentativa de encontrar informação para responder à seguinte questão: bom rei ou mau filho?

E, por isso, também dei uma olhadela à programação da RTP para saber alguma coisa sobre a próxima fase d’ Os Grandes Portugueses. Com alguma surpresa, porque não imaginava que fosse agora, verifiquei que hoje à noite, pelas 23h30, será transmitido um documentário sobre D. Afonso I, que será ‘defendido’ pela jornalista Leonor Pinhão. Não o vou perder. Até para recolher mais dados para esclarecer a dúvida: bom rei ou mau filho?

E, depois, por estes próximos dias, cá voltarei para as conclusões.

Nota: Escultura de Soares dos Reis (1887).

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Sim ou não... a quê?


A propósito do referendo do próximo dia 11, a questão que vai ser colocada é a seguinte:

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Nada mais do que isto. E é a esta pergunta que, como cidadãos, todos devemos responder. Com uma única interpretação possível: a que se retira do 'peso' intrínseco das palavras que suportam a questão.

E, depois, a opção de cada um. De acordo com a sua consciência. Sim ou não.

O ´poder' das palavras


As palavras têm 'poder'?

Sim, creio que têm. Por um lado, o seu próprio peso, o seu significado, mas também a força ou o sentido que cada um lhes dá. E é com esse poder, intrínseco ou acrescentado por nós, que as palavras ganham dimensão. Uma simples exclamação, um verso solto ou um fragmento de um texto devem toda a sua 'vida' às palavras, ao peso de cada uma e ao efeito do conjunto. Algumas vezes, para não dizer muitas, as palavras são reféns da interpretação de cada um. Mas também outras vezes, talvez até muitas mais do que aquelas, o peso das palavras é tal que não permite orientar o discurso por caminhos diferentes dos que as palavras apontam.

Isto vem a propósito do referendo do próximo dia 11. Vem a propósito... porquê? Por causa do significado das palavras. Ou por causa da interpretação que se quer dar às palavras. Ou, melhor ainda, por causa do 'poder' das palavras.