quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Os "meus" homens [1]


Foi há 15 anos. Numa noite idêntica à de hoje, e mais ou menos a esta hora da noite, faleceu o homem mais importante na minha vida: o meu pai.

Hei-de escrever, em breve, outro texto que lhe será dedicado. Mas hoje não consigo. Hoje não quero ir além destas linhas. Hoje, como filho, apenas deixo aqui o registo da minha grande admiração pelo homem e pelo pai.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

As "minhas" mulheres [1]


Inicio o tema das "minhas" mulheres com um texto dedicado à minha mãe.

E isto pela razão simples de, para mim, ser a mulher mais importante [não é em vão que até se diz que mãe há só uma...], diferente das restantes pelo afecto e pelas vivências que temos tido até agora.

E também por ter sido a primeira mulher a preocupar-se comigo. Ainda agora continua a dar-me pequenas recomendações, algumas como se eu ainda fosse um miúdo. Mas, assim o desejo, oxalá continue a fazê-lo por mais alguns anos.

Natural de Jazente, em Amarante, nasceu há 91 anos numa família de origens humildes. A minha mãe foi sempre uma grande companheira do meu pai, já falecido há alguns anos, e de quem tem muitas saudades. E também foi uma sua grande aliada na educação e para o bem-estar dos dois filhos, quer pelas tarefas domésticas, quer pelos trabalhos que ia arranjando fora de casa.

Hoje em dia, a minha mãe está um pouco limitada na sua mobilidade, devido a problemas graves de saúde nos dois últimos anos. E também limitada na audição e na visão, em resultado dos efeitos inexoráveis do passar dos anos. Mas a sua lucidez e a sua memória continuam vivas, e ainda bem!

Ao longo das nossas conversas tem-me contando muitas peripécias da sua vida desde pequenita até à idade adulta. E como escrevo os tópicos dessas pequenas histórias, talvez um dia destes possam ser contadas aqui.

É por tudo isto, e por muito mais que não está aqui de forma expressa, que dedico estas linhas à minha mãe. Sei que não vai ter a possibilidade de as ler. Mas creio que vai ouvi-las ditas por mim.

domingo, 28 de dezembro de 2008

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Tópicos -> textos

Há cerca de um mês escrevi este post, onde me questionava até quando alguns dos tópicos anotados no livro de bolso seriam mantidos como tal.

Ora bem, a partir de hoje penso publicar aqui alguns textos baseados numa daquelas anotações e que se referem a dois "temas" familiares que me dizem muito. Um deles reporta-se às "minhas" mulheres e o outro aos "meus" homens [nada de interpretações erradas, ok?]. Ou seja, dizem respeito a familiares que tiveram e ainda têm muita importância na minha vida.

E, na sequência daqueles, é possível que outros aparecerão.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ri, chora, ama...


Mensagem recebida hoje:


Abraça a vida com paixão, vence com ousadia, pensa com classe! Ri, chora, ama... vive cada segundo sem medo! O que importa mesmo é ser feliz... FELIZ NATAL!


Obrigado!

Nota: Imagem obtida na internet.

Boas Festas

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Almoço de Natal


A mensagem chegou no início da semana através do telemóvel, enviada pelo mensageiro do costume:
"Convocatória 5ª, às 13H, almoço de Natal no Bar de Fuzelhas. Leva prenda até € 5,00. Diz se vais."

Marcaram presença dez gajos porreiraços, a saber: Moreira, Gonçalo, Ernesto, Lelo, Júlio, Becas, Raúl, Zé Luís, Álvaro e eu. Outros gajos, também porreiraços, não apareceram, mas tiveram justificações para isso.

Durante o entretém das entradas, e como é normal nos almoços quinzenais deste grupo, aproveitou-se para o cerimonial da marcação do "ponto" no respectivo livro de merceeiro.

[Livro idêntico ao que utilizava, há mais de 50 anos, o Francisco da mercearia lá da rua para registar o meio quilo de batatas, o quarto de arroz e a couve galega que a Ti Bina levava para casa a fiado ou os três ou quatro negos que o Manel da Chalupa bebia todos os dias ao cair da tarde, sem cheta nos bolsos:
- Ó sôr Francisco assente no libro que pra semana eu pago tudo.
E era também nesse livro que o Francisco merceeiro, folheando vezes sem conta aquelas folhas sebentas de tanto uso, lá acabava por verificar que o genro da Tina costureira já lhe estava a ferrar o calote há mais de três meses - ah por isso é que o estupor não aparece cá há muito tempo!]

A ementa deste almoço de Natal incidiu numa boa fritada de peixe (fanecas, carapaus, sardinhas pequenas e marmotas), acompanhada por arroz malandro com feijão vermelho. E tudo bem aconchegado com Lello Douro Tinto 2006 para uns ou Planalto Branco para outros [em ambos os casos, poucas garrafas...]. Depois disto vieram umas boas rabanadas, uma travessa de aletria e um bolo-rei. E, para acabar, bebemos os cafézitos da ordem [em boa verdade, para terminar foi-nos servida a conta...].

Mas, enquanto os cafés eram servidos, o grupo entreteve-se com outra tarefa: a brincadeira do sorteio das "prendas" caríííssimas que cada um tinha levado. A mim calhou a oferta do Lelo, um livro acerca da obra de António Nobre. Ao Ernesto coube o que eu levei, um lápis enorme para durar 20 anos. Ao Raúl saiu uma "coisa" muito jeitosa. E aos outros... não sei, não fiquei com essa anotação.

Deste almoço de amigos, alguns dos quais já se conhecem há cerca de 50 anos, aqui ficam estes registos. E o próximo já ficou agendado para a primeira quinzena de Janeiro 2009. Até pró ano, pessoal!




Notas:

1. No livro de merceeiro, após as assinaturas, foi escrito:

Lá na praia de Fuzelhas
A comemorar o Natal
Ficamos todos balhelhas
Depois d'um bom tintal!

Obs.: Ali devia estar "tintol" mas não rimava; com "tintal" não é verdade, mas rima!

2. Na foto do meio houve um problema, visto que alguém [da "censura" deste blogue] achou que os gajos porreiraços não estavam em condições de dar a cara...

3. Depois do almoço, o convívio ainda teve ida a pé para lá do farol de Leça e volta. E, com o pára-arranca da conversa-puxa-conversa, quando a última foto foi tirada o relógio marcava uns minutos depois das 18:00 e já a noite tinha chegado.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Porquê?



- Que drama leva uma mãe a tomar uma decisão destas?

Foi com esta interrogação que, ontem ao fim da tarde, no canal da RTPN a "pivot" Alberta Marques Fernandes terminou a apresentação de uma notícia acerca do abandono, em Mafra, de um bebé recém-nascido.

Pela sua postura corporal, após as imagens que documentavam a informação, e também pelo tom em que se exprimiu, pareceu-me que a apresentadora estava muito sensibilizada e que aquelas palavras não estavam escritas no "ponto". Fiquei com a impressão que lhe saíram quase sem contar, apenas induzidas pelo dramatismo do caso que tinha acabado de noticiar.

É que, por maiores horrores com que somos confrontados todos os dias, há sempre um choque enorme quando se reportam a crianças. E aí o sentir humano conta mais que tudo!

Mas naquele caso, como em outros do género, fica no ar a questão: porquê? a que extremo chega uma mãe para decidir daquele modo?

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Estava um dia...



Era terça-feira. Estava um dia de céu cinzento, escuro, e com vento muito forte. Mas não chovia.

[E as lembranças do estado do tempo daquele dia ficaram-se apenas pela manhã. É que a partir daí, altura em que deu entrada na maternidade, as recordações focaram-se noutros momentos.]

Foi ao fim da tarde, eram sete menos vinte. E mal nasceste, a parteira pegou-te pelas pernas, cabeça para baixo, e deu-te quatro palmadas no rabo para reagires. Depois, levou-te da minha beira. E só voltei a ver-te no dia seguinte.

[Recordações de quem foi mãe pela primeira vez aos 28 anos, feitos duas semanas antes. Recordações de uma mãe que agora tem 91 anos. Recordações de quem ainda conserva grande lucidez. Recordações de uma mãe que ainda guarda na memória aqueles momentos para, ano após ano, os contar ao primeiro filho. Recordações de quem nunca esqueceu aquele dia onze de Dezembro, já lá vão 63 anos.]



...



Mãe, parabéns!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Neves e Sousa


Por mão amiga, há dias chegou cá a casa um livro que constitui uma bela e merecida evocação da obra de Neves e Sousa. Trata-se de uma publicação recente da Sextante Editora, com o título "Neves e Sousa - pintor de Angola - 1921-1995"

Na capa do livro, ressalta um quadro do artista onde registou a figura de uma mulher do sul de Angola. E no interior pode-se ter o gosto de admirar desenhos, aguarelas e óleos de Albano Neves e Sousa, além de outros contributos incluídos na publicação.

Como também era poeta, tomo a liberdade de aqui reproduzir um dos seus poemas [escrito no Brasil, onde viveu nos últimos vinte anos da sua vida]:

Angolano

Ser angolano é meu fado e meu castigo
Branco eu sou e pois já não consigo
Mudar jamais de cor e condição
Mas, será que tem cor o coração?

Ser africano não é questão de cor
É sentimento, vocação, talvez amor
Não é questão, nem mesmo de bandeiras,
De língua, de costumes ou maneiras...

A questão é de dentro, é sentimento
E nas parecenças doutras terras,
Longe das disputas e das guerras
Encontro na distância esquecimento.


Neves e Sousa
1979



Nota: O livro foi oferecido à Inha, a minha mulher, que, desde adolescente e em Luanda, conviveu de perto com o Neves e Sousa e a sua mulher. Aliás, foi em casa dos meus sogros que, em tempos mais recentes e aqui no Porto, tive a oportunidade de conhecer, pela primeira vez, alguns quadros do pintor que lhes foram oferecidos pelo próprio. Cá em casa temos um retrato da minha mulher, aos quinze anos, desenhado a carvão pelo "pintor de Angola".

sábado, 6 de dezembro de 2008

Livro de bolso [2]


Aproveitando um dos comentários feitos aqui, consultei a página da moleskine. Acabei por descobrir alguns livros de bolso interessantes e, por isso, anotei os endereços de alguns estabelecimentos onde são vendidos.

Já fui a uma daquelas lojas, uma que fica no Largo de S. Domingos, no Porto [uma que era de alguém chamado Araújo e do sobrinho e que agora é do Araújo e do primo - ó gentes do Porto, sabeis qual é?...].

Como encontrei lá mais ou menos aquilo que andava à procura, tomei nota da referência do livro de bolso, dei as boas tardes ao empregado e saí. Já fora do estabelecimento, liguei de imediato para o telemóvel do Pai Natal [...ainda estou em idade de acreditar no Pai Natal, certo?] e, como estamos perto da quadra natalícia, pedi-lhe um daqueles livrinhos. Como o Pai Natal é um tipo porreiro disse-me logo que "sim, senhor, será entregue muito em breve através da DHL". Dei-lhe, então, o meu endereço com código postal e tudo, agradeci, desejei-lhe Boas Festas e desliguei.

Desde aquele momento estou em pulgas, à espera. Mas até agora... nada! E já estou a ficar com uma neura que... oops, desculpai lá, tocou agora mesmo a campaínha da porta, vou ver quem é, volto já, ok?
...
...
...
Já voltei e... eh pá, não ides acreditar, mas era mesmo da DHL para entregar uma encomenda vinda de muito, muito longe. O certo é o que o Pai Natal cumpriu o que me disse. Em boa verdade até cumpriu demais, é que em vez de um livro de bolso, mandou-me... dois! Não acreditais?... Ai não?... Então, olhai aqui, tá?



[e ainda dizem que o Pai Natal não existe...]

Ó nana, obrigado! [pela dica, claro!]. E o teu pedido ao Pai Natal, já chegou?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

2 anos!


Foi neste mesmo dia, mas em 2006, que apareceu este blogue. Faz hoje dois anos.

Fica aqui manifestada a minha vontade de continuá-lo, pelo menos, por mais um ano.

A todos vós, que trazeis a vossa simpatia até este espaço, o meu imenso obrigado!



Fernando Oliveira

Choque e dor


A morte aparece em muitos casos de forma repentina, inesperada, de chofre. E em várias ocasiões a notícia da morte também nos chega assim. Como nos aconteceu hoje de manhã, pelo telefone, de supetão. E, depois do choque, a dor porque ontem à noite a Teresa foi embora...

Com a vossa dor de hoje, Rita e Gero, precisais de ganhar forças para o dia de amanhã. É que a vida é avessa em diversos momentos, mas continua...

Para vós, Rita e Gero, um beijo grande e um abraço forte.

Inha + Fernando

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Olá!












Um olá, um sorriso e um abraço
[não necessariamente por esta ordem ou em simultâneo]
de um amigo [ou de uma amiga] é reconfortante, sempre!
E com isso sou um amigo feliz!

[e ainda mais em alguns momentos lixados...]
E com isso sou também um homem feliz!



Nota: Imagem obtida na internet.


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Futebol-> miúdos vs graúdos

O



Lembrei-me de registar neste espaço um aspecto que a meu ver, no mundo do futebol, parece ser o contraste entre os jogos de miúdos e os de graúdos. Há com toda a certeza mais factores de diferenciação, mas aquele que pretendo registar aqui é o do comportamento do público.

Na manhã do último domingo, fui ao antigo Campo da Constituição para ver um encontro de futebol masculino do escalão sub 14. A assistir, estiveram lá apenas algumas dezenas de pessoas, até porque o espaço destinado aos espectadores não dá para muito mais [e, além disso, o frio intenso e a chuva também não ajudaram nada...]. Creio que, na sua grande maioria, eram familiares ou amigos dos jogadores das equipas presentes no relvado.

Durante aquele jogo, houve berros e gritos dos espectadores com vista a motivar os jogadores a não desistirem das jogadas, a passarem a bola para o médio ou para o extremo, a centrarem junto à linha ou a rematarem à baliza. Houve palmas para os guarda-redes pelas boas defesas. Houve incentivos nos momentos de jogadas bem desenroladas. Houve aplausos quando aconteceram os golos. Houve ainda discordâncias em relação a uma ou outra decisão do árbitro. Mas tudo foi berrado ou gritado de um modo adequado ao sítio e ao acontecimento, com educação q.b., com palavras certinhas, o que para mim, neste caso, significa que não saíram para o ar insultos a quem quer que fosse. E, até por se tratar de um jogo de miúdos, foi esse comportamento correcto do público o que mais me agradou e, por isso, o que marcou mais a minha atenção.

Em contraste com tudo aquilo, ao longo dos últimos três anos tenho presenciado comportamentos despropositados e de má educação em [quase*] todos os jogos de graúdos a que assisti no Dragão. Começa logo meia hora antes do jogo, ainda na fase de aquecimento das equipas, pela provocação aos jogadores adversários e aos seus apoiantes, com assobiadelas e alguns insultos à mistura. Mais tarde, durante a partida, a cada passe errado dos portistas, a cada entrada mais dura dos adversários, a cada substituição considerada inoportuna ou tardia feita pelo treinador da casa, a cada decisão da arbitragem julgada menos certa, soltam-se então as goelas de milhares de adeptos e saem, de modo desenfreado, as assobiadelas [que até são um mal menor] e os palavrões em vários tons e feitios, do género ó filho da puta ou o teu pai é um cabrão ou ainda ó corno vai pró caralho. E os insultos são para todos os protagonistas [e, mesmo que o adversário em campo não seja o clube do Eusébio, também os benfiquistas são contemplados, como acontece quando algumas centenas de gajos das claques portistas se põem a gritar ésse-éle-bê filhos da puta**]. Ninguém escapa ao despropósito e à má-criação. E desta parte do espectáculo de futebol não gosto, não gosto mesmo nada.

É evidente que nos jogos de graúdos a que assisti até hoje não se passa apenas aquilo. Também há festa. Agitam-se bandeiras, vêem-se cachecóis no ar, ouvem-se cânticos clubísticos, e tudo isso é porreiro. E também há aplausos e vivas ao fê-cê-pê quando o Lisandro e os outros dragões marcam golos. É a festa do futebol. E desta parte do espectáculo de futebol gosto, gosto imenso.

E por gostar da festa do futebol é que desejo continuar a ir ao Dragão. Mas tenho muita pena que os espectadores dos jogo de miúdos não encham os estádios de futebol dos graúdos com as atitudes que presenciei no domingo. Ou, então, lamento imenso que muitos dos espectadores dos jogo de miúdos se transfigurem ao ponto de alterarem, para pior, os seus comportamentos quando vão assistir aos jogos de graúdos. E, a meu ver, com isso acaba-se por estragar a festa do futebol.



Obs.:
* A excepção aconteceu o ano passado, após o campeonato 2006/2007, no encontro com o Leixões para a Festa dos Campeões [as fotos são desse jogo].
** E não serve de desculpa o facto dos benfiquistas procederem de modo idêntico na Luz.

Nota: Não sou especialista em futebol e, como já referi no post anterior, considero-me apenas um adepto portista que senta o cagueiro na bancada do Dragão nas semanas sim e que alapa o dito no sofá frente à têvê nas semanas não.