sábado, 17 de março de 2007

Ida ao Parque da Cidade

É sábado. Está uma manhã magnífica, de sol primaveril. Faltam alguns minutos para as onze horas. A Inha saiu há pouco, foi ao supermercado, e levou o Tiago com ela. Toca o telemóvel, atendo, é a ‘cara-metade’ a dizer-me
- O Zé Maria propôs uma ida até ao parque da cidade. Que achas?
e eu a responder que por mim tudo bem, que combinasse encontrarmo-nos à entrada do parque, do lado da Avenida da Boavista.

Meia hora depois já estamos a caminho. A Inha, eu, a Sara e o Tiago [os netinhos mais crescidos vieram passar o fim de semana cá a casa]. Não me esqueço de levar uma máquina fotográfica [para o que der e vier… ] e uma bola pequena [para jogar com o Tiago], ao passo que a Sara não se esquece do pão para os patos [já lá foi algumas vezes connosco e, por isso, lembra-se destes pormenores]. Os pequenos vão no banco traseiro do carro, claro!, a Sara sentada numa base de cadeira, assente em cima do banco, enquanto que o Tiago vai aconchegado na cadeira, própria para crianças da idade dele. O trânsito não atrapalha e, por isso, quinze minutos depois chegamos ao parque da cidade.


O outro grupo chegou logo depois. A Susana, o Zé Maria e a Maria Francisca [a ‘fofinha’]. O ‘babycock’, onde vem a bébé, é posto fora do carro e encaixado no carrinho de rodas. E a Maria Francisca, instalada lá dentro, com os olhos abertos, atenta ao que se passa à sua volta [limitada ao seu raio de acção, como é óbvio, porque tem apenas quatro meses e meio].

Dirigimo-nos, então, para o lago. O Tiago, com os seus passitos saltitantes de dois anos e meio, vai umas vezes pela minha mão, outras pela mão da Inha ou do Zé Maria [o tio do lado do pai], outras ainda segue sózinho [já sou ‘gande’, diz ele]. A Sara caminha solta, à vontade, com o seu ar de ‘senhorinha’ de nove anos. Quanto à Maria Francisca, resigna-se à condução do carrinho de bébé pelos pais [eles obtiveram os ‘permis de conduire’ ao mesmo tempo e ainda não têm cinco meses de prática…], umas vezes pelos caminhos de saibro, outras ziguezagueando pelo campo de relva, onde, aqui e ali, é necessário dar um pouco mais de impulso para subir pequenas lombas do terreno.

Mas chegamos, sem acidentes, junto do lago. Algumas pessoas, talvez não cheguem a duas dezenas, junto à margem, a olhar. Dentro da água, muitos patos e ‘paletes’ de peixes, quase todos vermelhos, não sei o nome daquela espécie. De imediato, a Sara abre o saco de plástico e atira pão aos patos e aos peixes. Como os patos se fazem de ‘esquisitos’ e não apanham o pão, são os peixes que aproveitam, vinte ou mais ao molhe, à bulha, com espadeiradas de cauda na água, cada um a tentar abocanhar um bocado de pão. Acocorado perto da borda do lago, o Tiago está curioso e atento às movimentações dos peixes e dos patos, estes nos ‘vai até lá e volta para cá’ próprios dos palmípedes, aqueles na contínua luta pelos bocaditos de pão. E a Maria Francisca, deitada no ‘cockpit’ do carrinho, não pode ver os patos ‘patolas’ nem os peixes ‘vermelhocos’. [Hão-de vir, com certeza, os tempos em que ela poderá correr por aqueles campos de relva e chegar-se até à beira do lago. E a Susana e o Zé Maria, aflitos, com receio de alguma queda, a chamarem: “Francisca, cuidado! não corras, vais aqui à nossa beira!”… eheheh].

Seguimos, depois, ao longo da margem sul do lago, no sentido do mar. A Maria Francisca, entretanto, foi libertada da posição horizontal dentro da sua ‘nave’, segue agora ao colo da mãe, aconchegada no marsúpio. Encontramos, mais à frente, meia dúzia de gansos, em terra, junto da água. A ‘discutirem’ entre si com uns grasnidos desagradáveis [agora, que os estou a recordar, fazem-me lembrar alguns deputados na AR, porque será?...]. A Sara, sempre ela!, arremessa pão para os gansos, e estes não se fazem de rogados. E quando saímos daquele sítio, continuando a nossa caminhada, dois deles vêm atrás de nós, apressados, a correrem à ‘ganso’, um, dois, esquerdo, direito, na busca de mais pão, isto é, em perseguição da Sara que tem o saco de plástico na mão. Xô, xô, xô… é necessário enxotá-los para desistirem da correria.


Passamos, pouco depois, pela ponte de pedra que atravessa o lago quase no fim da extremidade do lado poente. Aqui encontramos alguns cisnes, menos do que já vimos noutras idas ao parque, e muitas, muitas gaivotas. Uma delas veio pousar, mesmo à minha frente, numa das grandes bolas de pedra existentes nos extremos da ponte.














Continuamos o nosso passeio, agora ao lado da margem norte do lago. Com os pequeninos a portarem-se muito bem. A Sara, terminada a tarefa da distribuição do pão, segue agora mais perto de quem transporta a Maria Francisca na mochila marsupial, ou seja, da Susana. A bébé está tão absorvida por tudo o que a rodeia que nem se lembra de chorar, uma doçura! O Tiago dá mostras de estar um pouco cansadito da caminhada e, é já às cavalitas dos ombros do Zé Maria, que ouve-nos dizer, a mim e à Inha, que um pouco mais à frente há um repuxo de água [o Tiago gosta imenso de ver o repuxo existente na praça central do Dolce Vita]. Por isso, atenção redobrada e atitude expectante, é a postura do Tiago. Mas quem é que também vai com cansaço, quem é? pois claro, é a Susana, por causa do peso da bébé e do calor. E, assim, a Maria Francisca não tem outro remédio senão mudar para o colo ‘marsupial’ do pai, e que bem que ela vai a olhar o ‘mundo’ de frente! Por via desta mudança, o Zé Maria viu-se ‘livre’ do sobrinho e pôs o pequeno ‘jockey’ no chão, que, agora, segue pelo seu pé e tenta ajudar a Sara na condução do carrinho de bébé.

E uma vintena de passos depois chegamos ao sítio. Mas… o que se passa?... não há repuxo!!! Decepção de quase todos [a Maria Francisca é a única que não se manfesta…]. O espaço continua lá, um lago com cerca de quatro metros de diâmetro, bordejado por pedra larga que serve de assento para os passantes, cheio de água um pouco suja, onde dois patitos se entretêm nos seus ziguezagues. Falta a tubagem que, antes, estava montada dentro do lago e fazia funcionar diversos repuxos de água. Antes, era assim como mostra a foto abaixo. Era giro de se ver, para as crianças e também para os graúdos. E, nos dias quentes de verão, era refrescante ser salpicado pela neblina de água que o vento atirava para fora da área do lago. O que aconteceu? Não sei. Alguém deve saber…


Não sei se é pela decepção que teve ou se é por outra coisa, o certo é que o Tiago agora está um pouco teimoso, do género “daqui não saio, daqui… ”, quer andar para a frente e para trás nos bancos corridos, de pedra, que se encontram logo a seguir, dispostos ao longo de ambos os lados do caminho. Mas, com alguma paciência e ‘falas’ ao seu entendimento de criança, uns minutos depois consigo levá-lo, ao colo e às cavalitas, até junto do resto do grupo, que, entretanto, tinha seguido a ‘corta-mato’ pela relva em direcção à saída do parque. É que, pelos vistos, está a aproximar-se a hora da refeição da Maria Francisca e, por isso, temos de regressar. A alimentação da bébé é prioritária, não é?

Já fora do parque, no passeio em frente da entrada, está uma tenda de gelados da Olá. A Sara vê-a. E nós também a vemos. A Sara quer um gelado. E nós [com excepção da Maria Francisca…] também queremos. Então, vamos todos até à tenda para escolher os gelados para cada um. Feitas as escolhas, dois ou três ‘magnum, um ‘épa’ e uns ‘callipo limão’, e pagos os gelados [calha ao Tiago a vez de pagar, mas não pode porque os pais ainda não lhe dão ‘semanada’ para as despesas pessoais, eheheh…], vamo-nos sentar nos muretes de pedra que ladeiam o parque, à sombra de umas árvores. Todos a saborear os gelados [todos não, todos menos a bébé…].

Terminada a ‘etapa’ dos gelados, começam os preparativos da partida. São quase duas horas da tarde. Primeiro, o grupo da bébé. Beijinhos e ‘até logo’. Toca a arrumar o carrinho de rodas na mala do carro, a Maria Francisca já está outra vez no ‘babycock’, que é colocado no banco traseiro à ‘guarda’ da Susana, o Zé Maria ao volante, inversão de marcha e… ei-los a caminho de casa. Chega a nossa vez. Eu e o Tiago, ao meu colo, vamos à frente. Durante o trajecto breve até ao carro, estacionado ali perto, sou abordado por uma ‘arrumadora’ a pedir uma moedinha, que não dou. A Inha e a Sara vêm logo a seguir. Depois, já todos acomodados no carro, partimos em direcção a casa e… ao almoço.

E, pronto, assim termina a crónica desta ‘ida ao Parque da Cidade’. Fim de manhã e princípio de tarde, de um sábado solheiro e primaveril.




Notas:

1. A foto do repuxo foi obtida no site "Porto em Fotografia" [http://amen.no.sapo.pt]
2. A foto aérea foi trazida do sítio "Porto, parque da cidade" [http://www.cpires.com]

1 comentário:

nana disse...

excelente a reportagem!!!
temos que repetir a dose!
uma ida a Serralves também era giro!
chuács