Há cerca de dez anos foi-me oferecido um livro do Lobo Antunes como prenda de aniversário. Logo a seguir à dedicatória foi acrescentada esta nota: "Para leres e depois emprestares!".
Ao longo destes dez anos fiz dezenas e dezenas de tentativas para dar andamento ao pedido daquela nota. Lia quase diariamente antes de me deitar e, ao fim de uma semana, tinha avançado apenas trinta ou quarenta páginas. A leitura obrigava a uma concentração enorme, lia quatro ou cinco páginas e necessitava de voltar atrás para enquadrar novamente uma ou outra personagem, uma ou outra situação. A leitura tornava-se fatigante, incomodativa, frustante. E, por isso, acabava por desistir e punha o livro de lado. Uns meses depois recomeçava a leitura desde a primeira página, mas aqueles procedimentos repetiam-se. E, mais semana menos semana, lá voltava o livro para o descanso da estante por mais uns tempos. E isto durou dez anos!
No fim do ano passado, talvez em Outubro, retomei mais uma vez a leitura do tal livro. Estava entusiasmado pela experiência de, entretanto, ter lido diversas crónicas daquele escritor na revista "Visão" e, então, pensei com os meus botões que seria agora ou nunca. E foi mesmo! Com uma leitura nem sempre diária durante cerca de sete meses, no sistema 'avança umas páginas e volta atrás' para situar o desenvolvimento da acção do livro, consegui chegar ao fim. E gostei de ter chegado ao fim do livro. E gostei de ter lido o livro. E, agora, estava finalmente possibilitado a emprestá-lo...
E, de facto, já o emprestei. O 'meu' livro com o título "O esplendor de Portugal", de António Lobo Antunes, está agora em Barcelona nas mãos do meu filho, que foi quem o ofereceu.
Na 'onda' da leitura daquele livro, comprei este ano outro do Lobo Antunes´: "O meu nome é Legião". Comecei a lê-lo há cerca de cinco meses e já consegui ultrapassar as duzentas páginas, mais de metade. E estou a gostar de o ler.
Do mesmo autor e à espera de vez para serem lidos, ainda tenho os seguintes livros: "As naus", "Que farei quando tudo arde?" e "Livro de crónicas". Mas não sei quando pegarei num deles para o ler. Não sei mesmo!...
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