quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Pelotão das 'carecadas'... [3]


[continuação daqui]



Naquela manhã houve, portanto, grande rebuliço no quartel. Na 2ª Companhia, os desenfiados do 'meu' pelotão foram chamados ao gabinete do comandante da Companhia [um capitão severo e exigente, a quem o pessoal atribuíra o apelido de "Black" por ser mulato]. E, depois de um sermão do caraças acerca da disciplina militar e da atitude irresponsável na noite anterior, o comandante informou-os do castigo para cada um: 30 dias de detenção 'particular' e ida ao "Caifás".

Daquele castigo, que não ficou registado na caderneta militar dos desenfiados, a parte mais aceitável ainda era o tempo de detenção, dado que representava apenas o impedimento de sair do quartel durante um mês [apesar de ter obrigado a uma grande utilização de creolina na limpeza diária da caserna…]. E isto porque a outra parte da punição foi mais humilhante para todos os visados. É que o "Caifás" era o barbeiro do quartel e ele sabia que, para aqueles casos, teria de utilizar a 'máquina zero', ou seja, teria de dar uma carecada a cada um daqueles milicianos. E, claro, foi isso mesmo que o "Caifás" lhes fez.

Como era, em todo o quartel, o grupo onde havia maior número de cabeças rapadas, foi desta maneira que o 'meu' pelotão ficou conhecido, durante os restantes dois meses da especialidade, pelo "pelotão das carecadas".

E falta apenas acrescentar mais uma coisa: um daqueles cabeças rapadas era eu. Pronto, está dito!

Sem comentários: