quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Ladainha, lenga-lenga e [des]governantes


 

Burro, estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…

Burro, estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…

Burro, estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…

Foi-me dito, por quem é entendido nestes assuntos, que aquela ladainha, ao ser repetida com convicção durante trinta vezes e com o pensamento direccionado para alguém, torna essa pessoa incapaz, atrofiada, imbecil, desmemoriada, tolhida de movimentos e com os membros rígidos como os lombos de bacalhau seco [no caso de se tratar de alguém do sexo masculino, o quinto membro fica para sempre na posição de “pinga-pró-chão”], desprovida de olfacto e de tacto, com a visão reduzida ao mínimo dos mínimos, o que nem lhe permite vislumbrar as notas de 100 euros [diga-se em abono da verdade que isso também acontece a 99,99% da população portuguesa], de paladar aferido para vomitar tudo o que não seja restos dos refeitórios das prisões portuguesas e com a audição diminuída ao ponto de só ouvir os seus próprios pensamentos.

Ora acontece que, ao saber das propriedades daquela ladainha, comecei logo a ensaiar a primeira série com a figura do primeiro-ministro no meu subconsciente. Ainda não sei se os efeitos já começaram a manifestar-se no dito, mas estou disposto a continuar tantas vezes quantas as que forem necessárias, pois convicção e empenho são coisas que não me faltam.

Mas vou necessitar da ajuda de todos os que tiverem acesso a este texto para levar a bom termo esta cruzada de “eliminar” a classe política que nos tem [des]governado ao longo das últimas quatro décadas. É que dizer a ladainha trinta vezes, com a intenção dirigida a cada um dos [des]governantes do nosso país, nem daqui a cento e vinte e cinco anos consigo terminar esta tarefa. É que eles são tantos, tantos!

De facto, são em tal número que nunca mais acabam. Os [des]governantes, claro! Senão, comecemos a contar: o presidente do país, a presidente e os vice-presidentes da assembleia da república, as deputadas e os deputados, o presidente e os juízes do supremo tribunal de justiça, o presidente e os juízes do tribunal constitucional, o presidente e os membros do tribunal de contas, o primeiro-ministro, o vice-primeiro-ministro, as ministras e os ministros, as secretárias de estado e os secretários de estado, as subsecretárias de estado e os subsecretários de estado, os chefes da casa civil e da casa militar do presidente do país, as assessoras e os assessores dos chefes da casa civil e da casa militar do presidente do país, as assessoras e os assessores da presidente e dos vice-presidentes da assembleia da república, as assessoras e os assessores do presidente e dos juízes do supremo tribunal de justiça, as assessoras e os assessores do presidente e dos juízes do tribunal constitucional, as assessoras e os assessores do presidente e dos membros do tribunal de contas, os chefes de gabinete do primeiro-ministro, os chefes de gabinete do vice-ministro, as assessoras e os assessores do primeiro-ministro, as assessoras e os assessores do vice-ministro, as assessoras e os assessores das ministras, as assessoras e os assessores dos ministros, as assessoras e os assessores das secretárias de estado, as assessoras e os assessores dos secretários de estado, as assessoras e os assessores das subsecretárias de estado, as assessoras e os assessores dos subsecretários de estado, as especialistas e os especialistas do primeiro-ministro, as especialistas e os especialistas do vice-ministro, as especialistas e os especialistas das ministras, as especialistas e os especialistas dos ministros, as especialistas e os especialistas das secretárias de estado, as especialistas e os especialistas dos secretários de estado, as especialistas e os especialistas das subsecretárias de estado, as especialistas e os especialistas dos subsecretários de estado, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores do primeiro-ministro, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores do vice-ministro, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores das ministras, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores dos ministros, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores das secretárias de estado, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores dos secretários de estado, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores das subsecretárias de estado, as consultoras e os consultores das assessoras e dos assessores dos subsecretários de estado. Ufa!... que grande corja de incompetentes e medíocres [com raríssimas excepções, um aqui, outro acolá]!

Falta ainda referir os detentores do poder local, aqueles que mandam bitaites nas autarquias deste país. Então, continuemos a contar: os presidentes das câmaras, os vice-presidentes das câmaras, os vereadores, os presidentes e os vogais das mesas das assembleias municipais, os chefes dos gabinetes dos presidentes das câmaras, os chefes dos gabinetes dos vice-presidentes das câmaras, os chefes dos gabinetes dos vereadores, os chefes dos gabinetes dos presidentes e dos vogais das mesas das assembleias municipais, as assessoras e os assessores dos presidentes das câmaras, as assessoras e os assessores dos vice-presidentes das câmaras, as assessoras e os assessores dos vereadores, as assessoras e os assessores dos presidentes e dos vogais das mesas das assembleias municipais, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos presidentes das câmaras, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos vice-presidentes das câmaras, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos vereadores, as assessoras e os assessores dos chefes dos gabinetes dos presidentes e dos vogais das mesas das assembleias municipais, as especialistas e os especialistas das assessoras e dos assessores dos presidentes das câmaras, as especialistas e os especialistas das assessoras e dos assessores dos vice-presidentes das câmaras, as especialistas e os especialistas das assessoras e dos assessores dos vereadores, as especialistas e os especialistas das assessoras e dos assessores dos presidentes e dos vogais das mesas das assembleias municipais. Ufa!... outra grande corja de incompetentes e medíocres [com raríssimas excepções, um aqui, outro acolá]!

Ora quantos são?... Eh pá, não sei, perdi-lhes a conta. Como estava a contar pelos dedos, as extremidades dos ditos da mão canhota já estavam com a pele quase a desfazer-se de tantas vezes que lá passei com a ponta do indicador da outra mão. E, então, desisti de contá-los. Mas sei, sem medo de errar por muito, que o número tende para o infinito.

Para completar o quadro acima, e apesar de não se enquadrarem no conceito de governantes ou de des[governantes], deve-se juntar às corjas acima referidas os manda-chuva das empresas públicas ou para-públicas, dos institutos públicos, das organizações oficiais, das fundações, etc., que influenciam pela negativa, ou até infernizam, o dia-a-dia de milhões de portugueses. E estão nesse grupo os presidentes, os vice-presidentes e os vogais dos conselhos de administração, os presidentes, os vice-presidentes e os vogais dos conselhos executivos, os directores e os subdirectores daquelas entidades, que se podem enumerar resumidamente: EDP, Galp, BdP, CTT, CGD, BES, BPI, Banif, BPN, etc.

Para além do problema da enorme quantidade de paspalhos a mamar dos impostos pagos por todos nós, a outra questão de grande importância que é necessário referir é a incompetência e a mediocridade que os [des]governantes revelam no dia-a-dia. Provenientes quase todos das juventudes partidárias e com percursos apenas nos aparelhos dos seus partidos, e o mesmo se diga dos principais elementos dos partidos da oposição, apresentam-se no desempenho de funções governativas com um desconhecimento quase completo do mundo real e das verdadeiras questões que servem os interesses da população em geral. Com falta de respeito pela lei fundamental do país, pelas outras leis e pelas regras consagradas há muito, os sem-vergonha firmam contratos em que apenas são salvaguardados os interesses privados do poder económico e acabam por lesar o Estado [ou seja, todos nós] em milhares de milhões de euros, desde as parcerias públicas privadas nas áreas das vias rodoviárias e dos transportes, à compra dos submarinos, aos swaps, aos vistos gold, etc. E, ao mesmo tempo, como forma de compensar os favores concedidos às grandes empresas nacionais e internacionais, com as “luvas” da corrupção vão obtendo grandes proventos, que lhes são pagos de imediato em sacos azuis por baixo da mesa ou transferidos para contas em offf-shores, ou que lhes são prometidos com a atribuição de “tachos” bem remunerados nessas empresas quando os sem-vergonha deixarem os poleiros do poder. Paralelamente, vão contratando, a grandes escritórios de advogados amigos, a legislação apropriada aos interesses do grande capital, por forma a, de modo escandaloso, expropriar dos seus direitos os portugueses em geral e, em particular, os funcionários públicos, os reformados e os pensionistas.

Ao pensar na mediocridade e na incompetência dos que nos [des]governam, dá-me cá uma gana de incentivar toda a gente a gritar-lhes:

Burro, estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…

Burro, estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…

Burro, estúpido, camelo, surdo, mudo, cu…

Março/2014

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