sábado, 13 de janeiro de 2007

Tretas e...regresso à baixa

De propósito, aproveitei o título da capa do caderno interior da Visão desta semana para o 'encaixar' no 'motivo' deste 'post'.

No interior do dito caderno, para o "Porto e Norte", encontra-se um artigo da autoria de Florbela Alves, relativo à reabilitação da baixa do Porto [a 'minha' cidade], a cargo da Porto Vivo, uma empresa municipal.

E um dos dados do artigo que me deixa alarmado é este, que transcrevo: "Uma recente projecção do Instituto de Ciências Sociais indicava que a cidade terá apenas 200 mil habitantes em 2011, descendo a um nível demográfico comparável ao advento da República. E mais: nos últimos anos, perdeu cerca de 30 mil habitantes, a maioria em idade activa.".

Isto significa, a dar como certa a projecção, que daqui a 4 anos a cidade do Porto terá um número de habitantes idêntico ao do início do século passado. E tendo em conta os censos do INE, constata-se que a cidade continua num decréscimo acelerado em termos demográficos. De facto, os dados relativos à população do Porto são estes:
- censo de 1981..... 327.368 habitantes
- censo de 1991..... 302.472 idem
- censo de 2001..... 263.131 idem
Quer tudo isto dizer que, no período de vinte anos, de 1981 a 2001, a população diminuiu cerca de 64.000 habitantes e que em metade dos anos, de 2001 a 2011, terá uma redução idêntica. Creio não haver dúvidas que a situação é alarmante e que não é apenas de agora.

Apetece, então, questionar quais as causas que estiveram, e ainda estão, a provocar este estado de coisas. Foi a descida da natalidade dos últimos anos? Foram os preços exorbitantes das novas habitações? Foi a degradação das condições de habitabilidade de muitos prédios em várias zonas da cidade? Foram as melhores condições de vida, em termos de habitação, proximidade aos emprego, etc., encontradas nos concelhos vizinhos? Ou foram todas estas razões, e também outras aqui não referidas?

Não sei qual a resposta correcta. Por isso, estas questões ficam no ar...

Entretanto, de acordo com o referido artigo, este ano vão começar as obras de reabilitação urbana dos quarteirões de Carlos Alberto e da Praça D. João I, seguindo-se mais tarde os trabalhos noutros pontos da baixa. Mas tudo isto ainda vai demorar alguns anos a concretizar-se.

Para além destas acções, será necessário também enveredar por outras iniciativas que conduzam à fixação da população, quer na baixa, quer em outras zonas da cidade. Como exemplo, anotem-se os projectos já concretizados e outros em curso, em termos de criação de habitações e de pólos de atracção, localizados nas áreas envolventes do Estádio do Dragão, que estão a revitalizar as zonas das Antas e de Campanhã.

Mas outros caminhos poderão ser apontados, como se deduz das sugestões de Germano Silva, conhecido historiador da cidade, citadas no referido artigo: "A Praça Gomes Fernandes, o Largo Moinho de Vento e aquela zona do planalto da cidade, poderiam ser uma espécie de Montmarte com restaurantes, lojas e muita animação nas ruas.". Ou seja, como diz a autora do texto, tratar-se-ia de regenerar alguns quarteirões da cidade a nível cultural.

O que é importante, ao fim e ao cabo, é determinar as causas da desertificação da 'nossa' cidade e, então, encontrar as soluções para a suster [creio mesmo que este exercício já foi feito pelas entidades responsáveis]. Para isso, todos nós, portuenses, temos de estar conscientes que é precisa a nossa intervenção, à escala de cada um, no que a estas questões diz respeito.

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