segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Greve e… senha de almoço

Lá vamos os dois, a neta de 9 anos e eu, a caminho da escola. Chegámos ainda faltavam cerca de vinte minutos para as dez da manhã.

A neta vai para as aulas do 5º ano, entre as dez e um quarto e a hora do almoço vai ter três disciplinas: Ciências da Natureza, Matemática e Estudo Acompanhado. Da parte de tarde, terá Educação Física e Educação Visual e Tecnológica. Eu vou à escola para esclarecer uma eventual consequência da greve da 6ª feira passada.

Isto porque a neta comprou no dia anterior àquele uma senha de almoço e como, por causa da greve não houve aulas e a escola esteve encerrada, disseram-lhe que a referida senha ficaria sem validade, além de que, depois, ao adquirir uma no próprio dia para a refeição de hoje, teria de pagar a multa estabelecida para estes casos. Para os cá de casa pareceu-nos que, das duas uma, ou a netita não teria entendido bem o que lhe disseram ou então estaríamos perante uma atitue incorrecta, absurda mesmo, dos responsáveis da escola. Por isso, fui incumbido [por mim próprio, claro!…] de averiguar o que realmente teria sido determinado para a situação em causa.

Mal entrámos no espaço da escola, e após ter dito ao responsável da portaria ao que ia, logo ele apontou para um aviso colado na janela. E pronto, estava ali esclarecida uma parte da questão: as senhas compradas no dia 30/11 poderiam ser utilizadas num dia desta semana, sendo necessário apenas dar uma indicação prévia à responsável da cozinha.

Faltava averiguar o tal problema da multa, devida por aquisição de senha no próprio dia da refeição, e acerca da qual o referido aviso nada adiantava.

Dirigimo-nos para isso ao local de venda das senhas. Colocámo-nos no fim da fila, onde já estavam cerca de uma dúzia de miúdas e miúdos da idade da neta. Os minutos foram passando e o atendimento avançava devagar. A funcionária, creio eu, teria de estar atenta aos pedidos dos alunos, aos registos dos mapas das refeições por dias e ao recebimento dos euros, e com isso os minutos não paravam…

E mais minutos continuavam a passar… Até que, depois de ter-se ouvido um toque [para o fim das aulas das nove horas, deduzi eu e confirmou a neta], houve uma ‘invasão’ daquele espaço. Foram cerca de três dezenas de alunos que chegaram, alguns com idade idêntica à da neta, outros com mais corpo e mais ‘velhos’. E se os primeiros entraram na fila de forma correcta, a maioria dos restantes posicionaram-se à frente, afastando assim da possibilidade de serem atendidos na vez a que tinham direito aqueles alunos que já lá estavam à espera há vários minutos.

A atitude dos alunos mais ‘velhos’, levou-me a argumentar que deveria haver uma fila ordenada e a funcionária, agarrada aos seus registos e à máquina registadora
- Pois devia haver, devia…
e ainda recomendei a alguns dos mais ‘velhos’ para se posicionarem no fim da fila, mas cada um deles a pensar para dentro
- Tá queto, ó cota, tás a falar comigo?...
mas não arredaram pé do sítio e continuaram a pressionar os mais pequenos cada vez mais para trás, a neta que na altura da invasão estava na sétima posição passou de repente a ter mais de quinze alunos à sua frente, e os minutos sempre a andar, a fila a despachar devagar, a hora de entrada para as aulas das dez e um quarto a aproximar-se, o rosto da neta a ficar aflito, e este avô de 2ª a caminhar para perto do guichet, a meter-se no meio dos mais ‘velhos’, e a chamar pela netita
- Anda cá que vais ser já atendida.
e logo pouco depois estava a funcionária a cobrar à neta o custo normal de cada senha, sem multa.

Mas não cheguei a determinar se a neta percebeu bem o que lhe teriam dito a respeito da validade das senhas. O que sei é que houve bom senso por parte dos responsáveis da escola na solução encontrada. E, afinal, outra coisa não seria de esperar, tendo em conta o que estava em jogo.


Nota [do avô de 2ª]:
A vós, miúdos mais pequenos a quem a minha neta ‘ultrapassou’ na fila, quero dizer-vos isto: a culpa foi minha! Perdoais-me?

4 comentários:

pin gente disse...

também na escola dos meus filhos é assim (aurélia de sousa)... uma trapalhice... uma falta de senso...
já reclamei... já ouvi dizer que realmente não é a melhor (para mim não podia ser pior) solução... mas assim continua... as senhas, as senhas, as senhas...

se me contratassem eu arranjava solução, garanto! talvez até o fizesse gratuitamente... é tudo uma questão de vontade.

beijo
luísa

nandokas disse...

Olá Luísa,
De facto, no sítio de venda das senhas aquilo foi [e dever ser todos os dias] uma confusão dos diabos.
E acabei por tomar uma atitude idêntica à dos alunos 'velhos', para desembaraçar a minha neta daquela balbúrdia. Ainda hoje estou chateado por tê-la tomado [por causa dos alunos mais novos], mas naquele momento não podia fazer outra coisa.
E a solução para aquilo até é simples. De facto, o que é preciso é vontade para organizar melhor o espaço, de modo a ser mais fácil disciplinar todos os alunos.
Beijinho.

redonda disse...

Engraçado ler este post, fez-me lembrar quando tinha 10 e 11 anos e nos dias da feira ninguém respeitava a fila para o transporte - todos me ultrapassavam, quer os garotos mais velhos, quer as senhoras que iam à feira e reclamavam contra aqueles, mas lá conseguia entrar também :) (acho que teria gostado muito da companhia de um meu avô nessa altura e a tua neta tem muita sorte pelo avô que tem)

nandokas disse...

Olá redonda,
Sabes, nesta fase da vida, eu e minha mulher, quase sempre temos disponibilidade de tempo para acompanhar os netos. E isto é bom para os pais, é bom para nós [também ajuda a 'distrair' o relógio...] e também é bom para os netitos.
Beijinho