A mensagem chegou no início da semana através do telemóvel, enviada pelo mensageiro do costume:
"Convocatória 5ª, às 13H, almoço de Natal no Bar de Fuzelhas. Leva prenda até € 5,00. Diz se vais."
Marcaram presença dez gajos porreiraços, a saber: Moreira, Gonçalo, Ernesto, Lelo, Júlio, Becas, Raúl, Zé Luís, Álvaro e eu. Outros gajos, também porreiraços, não apareceram, mas tiveram justificações para isso.
Durante o entretém das entradas, e como é normal nos almoços quinzenais deste grupo, aproveitou-se para o cerimonial da marcação do "ponto" no respectivo livro de merceeiro.
[Livro idêntico ao que utilizava, há mais de 50 anos, o Francisco da mercearia lá da rua para registar o meio quilo de batatas, o quarto de arroz e a couve galega que a Ti Bina levava para casa a fiado ou os três ou quatro negos que o Manel da Chalupa bebia todos os dias ao cair da tarde, sem cheta nos bolsos:
- Ó sôr Francisco assente no libro que pra semana eu pago tudo.
E era também nesse livro que o Francisco merceeiro, folheando vezes sem conta aquelas folhas sebentas de tanto uso, lá acabava por verificar que o genro da Tina costureira já lhe estava a ferrar o calote há mais de três meses - ah por isso é que o estupor não aparece cá há muito tempo!]
A ementa deste almoço de Natal incidiu numa boa fritada de peixe (fanecas, carapaus, sardinhas pequenas e marmotas), acompanhada por arroz malandro com feijão vermelho. E tudo bem aconchegado com Lello Douro Tinto 2006 para uns ou Planalto Branco para outros [em ambos os casos, poucas garrafas...]. Depois disto vieram umas boas rabanadas, uma travessa de aletria e um bolo-rei. E, para acabar, bebemos os cafézitos da ordem [em boa verdade, para terminar foi-nos servida a conta...].
Mas, enquanto os cafés eram servidos, o grupo entreteve-se com outra tarefa: a brincadeira do sorteio das "prendas" caríííssimas que cada um tinha levado. A mim calhou a oferta do Lelo, um livro acerca da obra de António Nobre. Ao Ernesto coube o que eu levei, um lápis enorme para durar 20 anos. Ao Raúl saiu uma "coisa" muito jeitosa. E aos outros... não sei, não fiquei com essa anotação.
Deste almoço de amigos, alguns dos quais já se conhecem há cerca de 50 anos, aqui ficam estes registos. E o próximo já ficou agendado para a primeira quinzena de Janeiro 2009. Até pró ano, pessoal!
Notas:
1. No livro de merceeiro, após as assinaturas, foi escrito:
Lá na praia de Fuzelhas
A comemorar o Natal
Ficamos todos balhelhas
Depois d'um bom tintal!
Obs.: Ali devia estar "tintol" mas não rimava; com "tintal" não é verdade, mas rima!
2. Na foto do meio houve um problema, visto que alguém [da "censura" deste blogue] achou que os gajos porreiraços não estavam em condições de dar a cara...
3. Depois do almoço, o convívio ainda teve ida a pé para lá do farol de Leça e volta. E, com o pára-arranca da conversa-puxa-conversa, quando a última foto foi tirada o relógio marcava uns minutos depois das 18:00 e já a noite tinha chegado.
6 comentários:
Uma ideia muito gira essa da reunião quinzenal entre amigos de longa data.
Eu lido todos os dias com um livro semelhante a esse, sabias? Ele há cada calote!...
Olá Gigi,
Pois, imagino. E há cada caloteiro!
Beijinho.
Um Feliz Natal com tudo o que esta quadra tem de melhor e umas boas entradas no novo ano:)
Olá Francesa,
Obrigado!
[e também já deixei uma mensagem no teu blogue].
Adorei! São tão poucas as vezes que a gente reune amigos, de verdade, para um Natal em que deixamos a família de lado por uns momentos e nos deliciamos com as conversas com pessoas que nos entendem melhor - a familia que escolhemos a dedo.
Olá Senhora,
Depois da família, o que conta são os amigos, não é?
Beijinhos.
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