terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Tretas... e os "Golfinhos"


O tema de hoje prende-se com os "Golfinhos". Mas não são os da imagem, não!


O que me traz aqui hoje é um "blog de uma turma, agora no 4º ano do primeiro ciclo (finalistas!!), com muitas coisas para contar e ainda tantas para aprender...". É isso mesmo! Os autores do blogue são 15 alunos do ensino básico, oito meninas e sete meninos. E ainda o 'motor de arranque' e o 'elo de ligação' entre todos: a professora.

Refiro-me ao Blog dos Golfinhos, que fez dois anos de 'vida' em meados deste mês. Há dias passei lá pela primeira vez, durante as minhas 'viagens' pela blogosfera. O segundo aniversário tinha sido festejado uns dias antes. Na altura, dei uma espreitadela aos trabalhos mais recentes e, desde logo, fiquei adepto dos 'miúdos'. Hoje, como queria publicar um 'post' acerca dos "Golfinhos", fui ver todos os artigos deles desde o 'nascimento' do blogue. Uns foram lidos mais rapidamente, outros com mais atenção. É desse trabalho que quero deixar aqui registo.

Ao longo dos dois anos lectivos os "Golfinhos" publicaram dezenas de artigos. Não vou referir-me a todos, por falta de espaço. E, por isso, apenas vou salientar os artigos que mais me 'tocaram'.

Começo, então, pelo 'post' de apresentação do próprio blogue em Jan/2005. Era, na altura, uma turma do 2º ano de escolaridade, constituída por 6 meninas e 11 meninos entre os sete e os oito anos [a título de curiosidade, repare-se na desproporção da representação entre os sexos, já que hoje em dia, em quase todos os sectores da sociedade, a representação feminina é ligeiramente superior à masculina].

No mês seguinte, venho a descobrir que a escola desta turma fica situada em Quintãs, no concelho de Aveiro. Ora esta localidade diz-me 'alguma' coisa. Há cerca de trinta anos trabalhei perto de Ílhavo e, durante quase dois anos, fiz a viagem de comboio Porto/Quintãs. Coincidências...

Fiquei deliciado com as "Cartas ao Pai Natal" em Dez/2005. Tive pena de não ter provado o bolo de iogurte [humm, que bom!] do 1º aniversário do blogue. Fui 'tocado' por "A minha história [Bia]", contada em Fev/2006. E no recomeço das aulas em Setembro, tomei nota dos "Desejos" dos alunos/bloguistas. Depois, até ao fim de 2006, deparei com os medos "deles" [e alguns deles também foram ou ainda são os meus], relembrei parte da História de Portugal e visitei "A Festa de Natal" da turma. No primeiro dia de aulas deste ano, os bloguistas contam-me as suas "Férias de Natal", contadas como se conta a alguém. Logo a seguir, brindam-me com uma pesquisa sobre "A origem do nome Janeiro" e mostram-me uma pintura "deles" com uma adivinha. Por último, os 'miúdos' fazem-me o anúncio do 2º aniversário e apresentam-me as fotos da festa e os desenhos alusivos à data.

Aqui fica, então, o registo de alguns dos trabalhos dos jovens alunos. Não quero deixar de felicitar estas 'miúdas' e estes 'miúdos' e a sua professora pelo blogue que criaram e que mantêm há dois anos. E felicitar ainda, neste particular a professora, pelo bom ambiente que se sente 'respirar' na turma.

A quem chegar até este 'post', aconselho a visitar o blogue em causa [ver 'link' acima]. E, a quem assim o entender, a deixar lá os comentários de incentivo aos pequenos bloguistas.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Tretas do dia...[2]


As 'tretas' de hoje dizem respeito a uma notícia que li ontem. Trata-se das ideias de jovens arquitectos paisagistas para mudar o Parque do Covelo, no Porto.

De acordo com o artigo do Diário de Notícias, da autoria de Francisco Mangas, alguns alunos finalistas da licenciatura em Arquitectura Paisagística da Univerdidade do Porto apresentaram propostas para a requalificação daquele parque.

Das suas sugestões ressalta o interesse de ligar o passado rural da quinta e a modernidade. Assim, propôem a plantação de pomares, talhões de ervas aromáticas e hortas biológicas, bem como de magnólias e camélias. Por outro lado, sugerem um restaurante na antiga casa de lavoura do séc. XVIII, que está em ruínas, e um café com esplanada na casa do caseiro.

Oxalá estas propostas tenham o seguimento que merecem no Departamento do Ambiente, da Câmara do Porto, e isto por três ordens de razões: desde logo, porque o parque está algo degradado, como qualquer pessoa constata ao passar por lá; depois, porque a Câmara lançou há algum tempo um concurso de ideias para o referido espaço e o júri não atribuiu o primeiro prémio às propostas; por último, por se tratarem de futuros arquitectos paisagistas que é necessário incentivar através da consagração do valor das suas sugestões [no caso de o ter, claro!].



Nota: Foto de António Amen.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Tretas do dia...

"Amplo, bonito, moderno, limpo, com bons acessos e transportes." - estas palavras referem-se a quê? Já lá vamos...

Com a descrição daquelas qualidades começa um artigo do caderno central da Visão de 21/12 passado, com texto de Joana Loureiro e fotos de Lucília Monteiro, dedicado ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, de Pedras Rubras.

Mais adiante, a autora do texto faz referência a um estudo independente de uma organização, relacionada com os aeroportos a nível internacional, que considera o 'nosso' aeroporto do Porto como o melhor da Europa e o décimo a nível mundial. Para isso, foram ponderados diversos critérios: acessos, a circulação e as ligações; os serviços aeroportuários e as facilidades; a segurança; o ambiente e os serviços à chegada; os preços e os serviços de handling; e a satisfação geral.

Todavia, ainda há algumas coisas a melhorar, como se aponta no artigo: a falta de locais para descansar e a reduzida oferta de espaços de restauração nas zonas públicas.

Dos acessos e transportes, saliento dois aspectos mencionados no referido texto: um, o da inauguração da Via Regional Interior que veio resolver os problemas dos acessos rodoviários ao aeroporto; o outro, a linha do Metro que faz a ligação entre a aerogare e o centro do Porto em 25 minutos.

Como consequência da sua modernização recente, surgiram novos destinos, frequências e companhias a actuar no aeroporto do Porto, com destaque para a influência cada vez maior das companhias low cost. Com o aparecimento destas, resultam benefícios para os passageiros, pois que há preços mais justos, mesmos nas outras companhias, e para os aeroportos, pelo aumento de tráfego resultante de haver muito mais gente a viajar - isto mesmo ressalta das palavras de um responsável da ANA - Aeroportos de Portugal, referidas no artigo em causa.

Ainda bem que, de vez em quando, surgem notícias a respeito de equipamentos de utilização pública que, pelas suas características, merecem o aplauso quer a nível interno, quer a nível internacional. Até porque, no caso do 'nosso' actual aeroporto, representa um investimento de enorme importância para o crescimento económico do Norte do país.

Notas:
(1) Fiquei bastante agradado com aquela avaliação, mas, ao mesmo tempo, confesso que também fui surpreendido. E isto porquê? Porque, pelo que conheço de alguns aeroportos europeus e pelo que tenho visto e lido nos media acerca de outros, dava-me a sensação que, apesar das obras de renovação, o 'nosso' aeroporto não estaria tão bem cotado. Mas ainda bem que me enganei!
(2) Este 'post' esteve para ser publicado uns dias após a saída da revista Visão. Mas, na altura, deu o 'badagaio' ao meu computador e, por isso, o texto ficou em stand by até hoje. Mais vale tarde do que nunca...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Presépios [9]

E, finalmente, aqui temos o último da 'colecção' cá de casa. Veremos se, durante este ano, mais algum exemplar cá virá parar. E, se for esse o caso, haverá lugar a um 'post', ou mais, na altura do próximo Natal.



Nota: Presépio modelado em barro, policromado, constituído por quatro peças, da autoria de Maria Amélia Carvalheira (1904-1998).

Tretas e... breves [2]


Das notícias que 'apanhei' hoje dos jornais, destaco:

Tretas 'mais':
  • A produção eólica contribuiu para seis por cento do total da energia eléctrica consumida no ano passado.
  • A primeira vacina que pode prevenir o cancro do colo do útero está à vendas nas farmácias a partir de hoje.
  • Dois anos após a entrada em vigor da liberalização mundial do comércio têxtil, vestuário e calçado, a indústria portuguesa resiste à invasão chinesa.
Tretas 'menos':
  • As declarações de hoje do bispo da diocese da Bragança-Miranda, D. António Moreira Montes, em que comparou o aborto à pena de morte, servindo-se do enforcamento de Saddam Hussein para termo de comparação.
  • No ano de 2008 metade da população do mundo viverá em cidades, sendo que um sexto destes habitará em bairros de lata sem quaisquer condições de salubridade.
  • Em Portugal, os médicos concentram-se no litoral e fogem das zonas do interior.

Fontes: Diário de Notícias e Público.

domingo, 14 de janeiro de 2007

Presépios [8]

E estamos quase no fim da série, este é o penúltimo. Já foi publicado antes do Natal, para ilustrar os votos de Boas Festas.


Nota: Presépio executado com pasta para modelar. Trabalho feito em Abril/2003 pela minha neta Sara que, na altura, tinha cinco anos.

Tretas e... a "capoeira"


Ontem de tarde fomos até ao centro comercial Dolce Vita, no Porto, porque os meus netos queriam ver, creio que pela terceira ou quarta vez, os repuxos de água existentes na praça principal do centro, e que são, ao fim e ao cabo, uma forma de atracção para as pessoas se deslocarem até lá.

E, se fosse apenas isto, certamente não haveria 'post'. Mas, aconteceu que, no mesmo piso dos repuxos, estava a decorrer um espectáculo de difusão de "capoeira". Fomos espectadores surpreendidos, pois que não estávamos a contar com isso. E, como estava com a máquina a jeito, registei vários 'bonecos' do espectáculo, dos quais escolhi este:


Depois, já em casa, dei-me ao trabalho de pesquisar alguma coisa acerca da 'capoeira'. Trata-se de actividade física que mistura desporto, luta, dança, arte marcial, cultura popular, música e brincadeira. Uma arte criada no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, caracterizada por movimentos ágeis e complicados, feitos com frequência junto ao chão ou de cabeça para baixo, tendo por vezes uma forte componente acrobática, e apresentando como característica diferenciadora de outras lutas o facto de ser acompanhada por música.


Nota: Ilustração intitulada Danse de la guerre, de Johann Moritz Rugendas - 1835
[fonte: Wikipédia]


sábado, 13 de janeiro de 2007

Presépios [7]

Quase a chegar ao fim a apresentação dos presépios cá de casa. Hoje temos o sétimo.


Nota: Presépio de papel, feito em 'origami'.

Tretas e...regresso à baixa

De propósito, aproveitei o título da capa do caderno interior da Visão desta semana para o 'encaixar' no 'motivo' deste 'post'.

No interior do dito caderno, para o "Porto e Norte", encontra-se um artigo da autoria de Florbela Alves, relativo à reabilitação da baixa do Porto [a 'minha' cidade], a cargo da Porto Vivo, uma empresa municipal.

E um dos dados do artigo que me deixa alarmado é este, que transcrevo: "Uma recente projecção do Instituto de Ciências Sociais indicava que a cidade terá apenas 200 mil habitantes em 2011, descendo a um nível demográfico comparável ao advento da República. E mais: nos últimos anos, perdeu cerca de 30 mil habitantes, a maioria em idade activa.".

Isto significa, a dar como certa a projecção, que daqui a 4 anos a cidade do Porto terá um número de habitantes idêntico ao do início do século passado. E tendo em conta os censos do INE, constata-se que a cidade continua num decréscimo acelerado em termos demográficos. De facto, os dados relativos à população do Porto são estes:
- censo de 1981..... 327.368 habitantes
- censo de 1991..... 302.472 idem
- censo de 2001..... 263.131 idem
Quer tudo isto dizer que, no período de vinte anos, de 1981 a 2001, a população diminuiu cerca de 64.000 habitantes e que em metade dos anos, de 2001 a 2011, terá uma redução idêntica. Creio não haver dúvidas que a situação é alarmante e que não é apenas de agora.

Apetece, então, questionar quais as causas que estiveram, e ainda estão, a provocar este estado de coisas. Foi a descida da natalidade dos últimos anos? Foram os preços exorbitantes das novas habitações? Foi a degradação das condições de habitabilidade de muitos prédios em várias zonas da cidade? Foram as melhores condições de vida, em termos de habitação, proximidade aos emprego, etc., encontradas nos concelhos vizinhos? Ou foram todas estas razões, e também outras aqui não referidas?

Não sei qual a resposta correcta. Por isso, estas questões ficam no ar...

Entretanto, de acordo com o referido artigo, este ano vão começar as obras de reabilitação urbana dos quarteirões de Carlos Alberto e da Praça D. João I, seguindo-se mais tarde os trabalhos noutros pontos da baixa. Mas tudo isto ainda vai demorar alguns anos a concretizar-se.

Para além destas acções, será necessário também enveredar por outras iniciativas que conduzam à fixação da população, quer na baixa, quer em outras zonas da cidade. Como exemplo, anotem-se os projectos já concretizados e outros em curso, em termos de criação de habitações e de pólos de atracção, localizados nas áreas envolventes do Estádio do Dragão, que estão a revitalizar as zonas das Antas e de Campanhã.

Mas outros caminhos poderão ser apontados, como se deduz das sugestões de Germano Silva, conhecido historiador da cidade, citadas no referido artigo: "A Praça Gomes Fernandes, o Largo Moinho de Vento e aquela zona do planalto da cidade, poderiam ser uma espécie de Montmarte com restaurantes, lojas e muita animação nas ruas.". Ou seja, como diz a autora do texto, tratar-se-ia de regenerar alguns quarteirões da cidade a nível cultural.

O que é importante, ao fim e ao cabo, é determinar as causas da desertificação da 'nossa' cidade e, então, encontrar as soluções para a suster [creio mesmo que este exercício já foi feito pelas entidades responsáveis]. Para isso, todos nós, portuenses, temos de estar conscientes que é precisa a nossa intervenção, à escala de cada um, no que a estas questões diz respeito.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Presépios [6]

Mais um presépio, o sexto da série. Até anteontem esteve colocado ao lado da árvore de Natal. Depois do dia de Reis, é costume cá em casa 'desmontarem-se' todos os adereços alusivos à quadra natalícia. Penso que na maioria das famílias se procede de igual modo. Mas o mais importante é que, nos nossos pensamentos e nas nossas acções, todos os dias sejam Natal, não é?


Nota: Presépio em barro, sem pintura, composto por cinco peças soltas (idêntico ao presépio nº 2).

Teatro Rivoli... que se esperava?!


Ontem, à hora de almoço, fui surpreendido com as notícias da RTP1: os 36 funcionários da Culturporto, a entidade encarregada da gestão do Teatro Rivoli, no Porto, foram impedidos de trabalhar. Mas pior do que isso, tendo em conta as declarações de alguns trabalhadores, estes não foram informados, de conformidade com os preceitos legais, da dispensa de comparecer ao trabalho.

E Rui Rio, como presidente da Câmara Municipal do Porto, o que nos diz sobre este caso? Pelos vistos, nada... até porque a sua decisão de fazer 'black-out' aos orgãos de comunicação não é de hoje.

Mas penso que, aos empresários que utilizam os mesmos métodos empregues agora pela CMP, deve ter dito, ao invés do ditado popular: "Olhai para o que eu faço, não olheis para o que eu digo".


Nota: A foto acima foi obtida da edição 'on-line' do Público de hoje.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Presépios [5]

Na sequência dos 'episódios' anteriores, cá temos outro presépio, o quinto.



Nota: Presépio em folha metálica, composto por dez peças pintadas.

Tretas e... a TLEBS


Muito se tem dito e escrito acerca da TLEBS. Tenho, por hábito, não manifestar a minha opinião quando se trata de temas acerca dos quais não tenho conhecimentos ou dados suficientes. E, nestes casos, das duas, uma: ou não digo nada ou, então, vou à procura de elementos que me auxiliem a formar um juízo acerca da questão.

Foi isto que fiz em relação à TLEBS.

Comecei por anotar o 'post' da saltapocinhas dedicado à TLEBS, colocado em 09/12 pela , do qual me permito respingar para aqui uma parte do texto:
"Eu ficava feliz se cada aluno que termina o 12º ano soubesse escrever um texto escorreito e perceptível, e tivesse lido meia dúzia de obras de bons escritores na íntegra!!
Primeiro nasceu a língua, depois é que inventaram a gramática!
E se deixassem as complicações gramaticais para quem vai seguir cursos de línguas?
E que os professores fiquem apenas a ensinar os seus alunos a gostar de ler e a saber escrever!"

Depois disso fui 'navegar' até ao blogue A Origem das Espécies e verifiquei que o seu autor em 08/12, no 'post' intitulado "De facto, é o fim. [A TLEBS]", fazia referência a um artigo do Prof. João Andrade Peres, publicado no mesmo dia na revista do Expresso, e ainda aconselhava a ida ao 'site' daquele professor catedrático para quem quisesse consultar a versão alargada da sua posição acerca desta problemática (da qual, o autor do 'post' apresenta uns extractos). Do texto escrito por Francisco José Viegas naquele 'post', tomo a liberdade de transcrever o seguinte:
"Depois deste artigo corajoso e ponderado (que não pôe em causa a evidente necessidade de alterar a terminologia actual - no que parece todos estarmos de acordo) não resta outro caminho, à Ministra da Educação, senão repensar muito seriamente tudo o que está a ser feito nesta matéria. Andrade Peres faz sugestões muito úteis (uma delas seria a de uma Terminologia da Disciplina de Português, por exemplo, para acabar com a guerra inócua entre Linguística & Literatura no Secundário), efectua uma separação das águas muito útil para que não se confunda a sua argumentação com a de alguns comentadores generalistas e ignorantes; salienta alguns aspectos positivos da terminologia; e desmonta passo a passo, ponto por ponto, a TLEBS. Em meu entender, é o fim da TLEBS (ver ainda o artigo de Jorge Morais Barbosa no JL). Seria uma vergonha se o Ministério permitisse a continuação do descalabro."

Mais tarde, no semanário Sol do passado sábado, li o "Blogue" de Marcelo Rebelo de Sousa, em que, no segundo ponto do texto "Língua e confusão", afirma:
"E que dizer da TLEBS (Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário) que arrancou torta em Portugal? Começou no Secundário e não no Básico; com calendário confuso; sem formação suficiente; sem coordenação e Gramática de referência para as escolas (as existentes são contraditórias); complicando a análise da Língua onde se pretende simplificadora.".
E um pouco mais adiante, aproveitando o exemplo dado pela revista Visão, na sequência de um artigo de João Paulo Guerra no Diário Económico, Rebelo de Sousa termina:
"... a palavra 'cão' passa de substantivo comum masculino a nome comum, contável, animado e não humano. E onde havia pronomes, adjectivos e advérbios, surgem quantificadores, advérbios disjuntos, modificadores preposicionais, adverbiais e frásicos. Vamos a isto, que a TLEBS é fascinante: apaixona algumas dezenas de milhares de jovens e crianças. Ou não?"

Já anteontem, naquele blogue de Francisco José Viegas, este autor volta a falar da TLEBS, fazendo, neste caso, referências a declarações prestadas pelo director-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular, do Ministério da Educação. Aqui apenas vou citar do texto a parte que acho essencial:
"... afirma que a TLEBS tem deficiências e que a maior parte delas só se corrigirá depois de serem identificadas "na prática com os alunos", que servirão de cobaias para uma terminologia que "tem deficiências", como reconhece à partida.".

Li depois o artigo de opinião de Vasco Graça Moura, publicado em 21/12/2005 no Diário de Notícias, com o título "A TLEBS no sapatinho", de onde, quase ao início, fui buscar:
"A TLEBS baseia-se numa linguagem técnica de acesso difícil e em conceitos que não fazem parte da gramática tradicional e são desconhecidos da maioria dos professores. Assenta em critérios sintácticos que se sobrepõem aos critérios semânticos em termos radicalmente novos.".
E mais adiante, pode ler-se:
"Não há nenhuma gramática portuguesa que assente na TLEBS. Não há nenhum professor do básico ou do secundário que a conheça bem.".
E o artigo termina assim:
"Não sou professor, mas os professores que me contactaram merecem-me toda a credibilidade. Se as coisas são assim, ter-se-à a ministra da Educação apercebido da catástrofe? Terá visto bem a prenda que o Pai Natal pôs no sapatinho da língua portuguesa?".

Posso referir ainda o blogue semrede onde o seu autor escreve em 27/11/2005 o texto "TLEBS comparadas", que considero bem argumentado e esclarecedor. A quem estiver interessado nesta questão, aconselho a consultar este blogue. Mas não resisto a citar um excerto do comentário colocado no 'post' por "Lena b" no dia 01/12/2005:
"Demorei a comentar porque toda esta polémica acerca da TLEBS me parece completamente surrealista. Primeiro, porque, para ser levada a sério, teria de ter começado há dois anos e não apenas agora. Segundo, porque me parece que, de repente, toda a gente se transformou em linguista - até o Miguel Sousa Tavares e aquele rapaz do "gato Fedorento". Terceiro, porque, à medida que vou lendo os artigos desses "linguistas de bancada", cada vez me convenço mais de que querem transformar um assunto científico num problema político. E o pior é que estão a conseguir, pois a Ministra da Educação já afirmou recentemente, numa entrevista, que as reclamações deviam ser endereçadas ao anterior Governo, que tinha publicado o Decreto... Mas agora a gramática também está ao serviço da oposição?!".

Temos também, para consulta, a portaria nº 1488/2004 de 24/12, que consagra a TLEBS como experiência pedagógica, e a portaria nº 1147/2005 de 08/11, que alarga a aplicação da nova terminologia a todas as escolas do ensino básico e secundário.

Ainda temos a petição on-line contra a implementação da experiência pedagógica TLEBS.

E, creio, deverá haver muitos mais artigos, textos, opiniões, etc., que não tive sequer conhecimento da sua existência.

Certo é que a problemática da TLEBS não é pacífica, temos muita polémica à sua volta. Há pessoas, com reconhecida formação académica na área da língua portuguesa, que são a favor da TLEBS, embora também notem deficiências que será necessário corrigir. Outras, de nível académico idêntico, são contra a TLEBS, porque, não sendo contrárias à actualização da terminologia tradicional, entendem que "apresenta deficiências e lacunas de uma gravidade tal que fazem desta terminologia, tomada na sua globalidade, um objecto que não merece crédito científico, que envergonha a Linguística portuguesa e o próprio país e que não se entende como pode estar a ser introduzido no sistema de ensino." - palavras do Prof. João Andrade Peres no artigo já referido.

E, então, qual é minha posição? Sou contra a implementação da TLEBS! Sou contra porque, em muitas escolas do ensino secundário, cujos alunos já foram abrangidos no ano lectivo corrente, a formação dos professores ainda não está finalizada. Sou contra por causa da confusão que se vai criar nos alunos do secundário habituados durante vários anos a fazer uso da terminologia tradicional. E ainda sou contra porque, embora sabendo que "a língua é, pela sua natureza, um 'objecto' dinâmico" e que "a gramática tradicional e normativa depressa se torna obsoleta e incapaz de dar conta de todos os fenómenos que nela ocorrem" - palavras de "Lena b", citada acima, a TLEBS "arrancou torta" - como disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Finalmente, sou contra porque, tendo em conta o futuro dos meus netos menores [uma prestes a terminar o ensino básico], não perspectivo, nem agora nem há mais de trinta anos, vontades concertadas dos poderes políticos, quaisquer que sejam as suas cores, de modo a se implementar em Portugal um sistema de ensino coerente no seu todo, atraente para quem ensina e para quem é ensinado e eficaz na sua interligação com a vida real do país que somos todos nós.

E, por tudo isto, já posso dizer: venha daí a 'petição on-line para eu assinar!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Presépios [4]

Como o prometido é devido, aqui temos mais um presépio cá de casa.



Nota: Presépio em barro pintado, compacto.

Tretas e... frases célebres! [1]


"O silêncio é tão repleto de sabedoria, como o mármore é rico em escultura"


Aldous Huxley [escritor britânico, 1894-1963]



Nota: Esta frase retirei-a de um artigo de opinião de Judite de Sousa, jornalista e apresentadora da RTP, publicado em Julho/2006 no Público, a respeito do conflito existente na altura entre Israel, o Hezbollah e o Líbano.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Presépios [3]


Continuando a 'saga' dos presépios, hoje publico o terceiro, não por respeito à ordem em que veio parar cá a casa, mas pela ordem de publicação.

Aqui está a foto:


Nota: Presépio em barro, pintado, composto por nove peças.

Pinguim Café


Hoje lembrei-me de falar do Pinguim Café, um bar da baixa do Porto.

Recordo algumas noites, já lá vai mais de uma dúzia de anos, em que eu e a minha mulher íamos até ao bar da Rua de Belomonte. Quase sempre em noites de sextas ou sábados, noites amenas ou, pelos menos, não friorentas. Éramos, claro, alguns anos mais jovens do que agora.

Íamos até lá para tomar dois copos e 'palrar' um bocado com amigos ou conhecidos lá do sítio. E íamos também pelas surpresas: em certas noites, eram as exposições de quadros, pendurados nas paredes nuas de pedra à vista; outras vezes, eram esculturas espalhadas pelo espaço do bar. Os donos da altura, um casal porreiro, são nossos amigos de longa data. E isto era também um motivo extra para lá irmos. A Nandita aconselhava a bebida à minha mulher, quase sempre à base de um licor suave. Para mim, o Luís Carlos já estava avisado, era um Jack Daniel's sem gelo, porque, não gostando de bebidas brancas, aquele whiskey do Tennessee continua a ser o único que me agrada.

Lembro ainda as noites das segundas-feiras em que, depois da meia-noite assistíamos à leitura de poesia. As sessões tinham lugar no piso inferior do bar. Alguns espectadores ficavam sentados em cadeiras, levadas pelos próprios para baixo, a maioria sentava-se no chão ou nos degraus da escadaria de acesso. Eram encontros informais, orientados pelo poeta Joaquim Castro Caldas. Quem tivesse algum poema, era incentivado por ele a lê-lo. E, já no final de cada sessão, era o próprio Castro Caldas que lia as poesias, de sua autoria ou de outros. E, creio, todos gostávamos daquelas "segundas-feiras líricas".

Recordo ainda que, através da influência daqueles nossos amigos, apanhámos o bom 'vício' de assistir aos espectáculos do Teatro de Marionetas do Porto, cujo espaço fica uma ou duas portas ao lado do bar.

Deixámos de frequentar o Pinguim Café há vários anos, após os nossos amigos o terem trespassado. Também, para a nossa ausência das noites, contribuiu o facto de sermos uns anos menos jovens do que naqueles tempos.

Soube há dias que o bar continua aberto no mesmo local. Com outra gerência, claro. Com o mesmo nome? Não sei, mas, um dia destes, hei-de saber.

E aqui fica uma 'three-in-one' daquelas noites... boas!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Presépios [2]


Na véspera do dia de Natal, publiquei um 'post' com um presépio cá de casa. E a minha intenção, expressa logo no 'post', era partilhar um novo presépio em cada dia até ao fim do ano passado.

Entretanto, deu o 'badagaio ao meu computador, que apenas hoje ficou pronto.

Por isso, aqui publico outro presépio, correndo o risco de já estarmos fora da época natalícia que decorreu até aos Reis.


Nota: Presépio em barro vidrado, constituído por cinco peças soltas.

Enfim, outra vez... juntos!


Foi no dia de Natal que o meu 'amigo' avariou, com problemas no motor de arranque, não andava nem para a frente nem para trás. No dia seguinte levei-o à oficina e lá o deixei entregue aos cuidados dos técnicos.

Desde aquela altura, e para pequenas deslocações, tenho-me socorrido de outro 'amigo'. Mais velho, mais pesadão, custa a pegar, com cilindrada mais baixa e menos cavalos, é lento que se farta mesmo em quinta, nas subidas é que são elas! quase que apetece sair em andamento, ir tomar um café e apanhá-lo um pouco mais à frente, e mesmo em terreno plano engasga-se todo. É o que se pode chamar de 'quem-já-deu-o-que-tinha-para-dar-a-mais-não-pode-ser-forçado'. É o peso da idade, claro!

Mas, como é evidente, não andava contente. Estava habituado ao meu 'amigo' de modelo mais recente. Aquilo sim, era um regalo, ligava-se o motor e, quase de imediato, aqueles cavalos todos estavam prontos para obedecer às minhas indicações. Enchia-se o depósito de combustível e lá íamos em corridas loucas por aí fora, muitas vezes sem destino estabelecido, fazíamos paragens muitas vezes, umas mais longas, outras mais curtas, para curtir os sítios, as pessoas e os seus costumes. E, depois, trazia-me sempre ao nosso ponto de partida.

Fui hoje buscá-lo à oficina. Está como novo!

É verdade, eu e o meu 'amigo' estamos novamente juntos!

E prontos para outras correrias por essa blogosfera fora!







terça-feira, 2 de janeiro de 2007

teatro de marionetas do porto


Vi a última peça do Teatro de Marionetas do Porto no seu último dia de exibição, na noite fria de 23 de Dezembro. O nome da peça: "Cabaret Molotov".

Nessa noite, de regresso a casa, já vinha a germinar o rascunho de um 'post' acerca do TMP, no qual expressasse a minha opinião sobre aquela peça e também acerca da companhia. Por alguns alguns factos que, entretanto sucederam no meu dia-a-dia, apenas hoje consegui pôr a ideia em execução.

Começo, então, pelo Teatro. Sou um espectador mais ou menos assíduo dos trabalhos do TMP, penso que a primeira peça que vi na Rua de Belomonte já lá vai mais de uma dúzia de anos. Assisti a mais de uma dezena de peças, quer naquele espaço, quer no auditório do Ballet Teatro. Houve algumas que me entusiasmaram, muitas outras que gostei e poucas houve que não apreciei. Posso referir algumas que coloco nestes dois primeiros grupos: ´Óscar', 'A cor do céu', 'O aprendiz de feiticeiro', 'Polegarzinho', 'História da Praia Grande', 'Como um carrocel à volta do sol', etc..

Mas houve três peças que me encheram as 'medidas' ao longo destes anos , eis o meu pódio das 'vencedoras': 'Vai no Batalha', 'Miséria' e 'Os encantos de Medeia'.

O TMP tem mudado vários dos seus membros ao longo do tempo, como é normal num projecto que já tem vários anos. Dos que já não fazem parte da companhia menciono os nomes dos que ainda me lembro: o Mário Moutinho, a Marta Nunes, o Rui Oliveira e o Igor Gandra. Mas, com estes ou com os actuais, sempre senti que os trabalhos trazidos até ao público traduzem uma entrega séria e profissional de uma equipa ampla, que vai para além dos encenadores e dos actores, uma equipa que começa a trabalhar alguns meses antes da estreia, com os ensaios, com a feitura dos 'bonecos', com a procura dos adereços, etc.

E a quem desejar saber mais coisas acerca do TMP, aconselho uma visita à sua página, no seguinte endereço:
http://www.marionetasdoporto.pt

E termino a falar do 'Cabaret Molotov'. Foi mais uma obra que gostei. Gostei do espectáculo em geral, gostei da encenação, gostei da interpretação dos 'bonecos', gostei mais uma vez da 'ligação' actor vs manuseador da marioneta, gostei da música, gostei do jogo de luzes e som. Mas há dois pormenores que não percebi: um, logo no início, foi o disparo do 'canhão humano' ter sido accionado pelo operador de som e luz, porquê? e o outro, quase no final, foi a entrada da instrumentista a tocar acordeão até ao centro da boca de cena, onde se deitou de costas e nessa posição continuou a tocar, também porquê? Mas isto não enublou o suficiente o gozo da peça e, portanto, ainda posso repetir: gostei!

Porque gostei, aqui quero dar os parabéns. Em primeiro lugar, e sem qualquer menção especial: parabéns ao João Paulo Seara Cardoso, pela encenação e pelos cenários, parabéns ao Edgar Fernandes, à Sara Henriques e ao Sérgio Rolo pela ligação
'unha-e-carne' aos papéis dos 'bonecos' [apenas como exemplo, saliento: o 'coelhinho branco', a 'dançarina de tango' e o 'kamarada' Dimitri'] e parabéns a todos os restantes elementos do TMP. Finalmente, e aqui sim, quero deixar uma nota de distinção: parabéns à Shirley Resende, pela interpretação da música que tocou, quer ao piano, quer com o acordeão, quer ainda pelo bater dos bombos. Gostei, gostei e gostei! Já vi diversas peças em que a Shirley tocou, mas, creio, neste espectáculo deu um salto, um bom salto! Por isso, mais uma vez, parabéns!

E, se alguém ler estas 'tretas' até aqui e tiver interesse em ver o 'Cabaret Molotov', então há agora outra oportunidade: soube hoje que o TMP vai ter esta peça novamente em cena de 3 a 10/01.

Aqui fica o cartaz.