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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Corte definitivo
Senti que não era eu que que tinha estado ali. Senti que não era actor e que, por isso, as cenas foram mal representadas. Senti ainda que aquele género de filmes não é para o meu gosto.
Sei, contudo, que aquela ligação ao ventre imaginário teria de ser eliminada. E teria de fazê-lo naquele momento, pois era quase impossível adiar por mais tempo o corte do cordão umbilical. Sentia que a pressão era reflexa, inconsciente, instintiva e que os seus efeitos eram já insustentáveis para o resto do corpo.
Mas a verdade é que após o corte definitivo senti-me mal, enojado e enjoado. Não pelo corte em si, mas sim pelo modo que o acto clínico foi consumado. Sei agora que o bisturi foi utilizado de maneira incorrecta e que poderia ter havido outra forma de anestesia. É que, devido a uma certa negligência na atitude do cirurgião, ficaram feridas em aberto e o problema que se vai pôr agora é como lidar com isso daqui para a frente.
Enfim, talvez o melhor procedimento seja olhar em frente e deixar fluir as coisas, pois o tempo há-de colar todos os cacos que sobraram.
Ou como diria o meu tio Fabiano: é isso mesmo, vai em frente que atrás vem gente!
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