Hoje de manhã, li um artigo de opinião* de Ban Ki-Moon, actual secretário-geral das Nações Unidas, com o título “As lições do Darfur”.
E o que mais despertou o meu interesse foi a relação que é estabelecida entre o conflito do Darfur, que já causou mais de 200 mil mortos ao longo de quatro anos, e as alterações climáticas a nível mundial. De facto, a certo passo do artigo lê-se:
“Falamos invariavelmente do Darfur utilizando uma cómoda linguagem política e militar e descrevendo-o como um conflito étnico que opõe milícias árabes a rebeldes e agricultores negros. Mas, se nos debruçarmos sobre as raízes do conflito, aperceber-nos-emos de uma dinâmica mais complexa. Ele teve início como uma crise ecológica, provocada, em parte, por uma alteração climática.
Há duas décadas, as chuvas começaram a tornar-se raras no Sul do Sudão. Segundo as estatísticas da ONU, a precipitação média sofreu uma redução de cerca de 40%, desde o início dos anos 80. Os cientistas começaram por pensar que se tratava de um infeliz capricho da natureza. Mas os trabalhos de investigação posteriores mostraram que esse fenómeno coincidira com uma subida da temperatura das águas do oceano Índico que perturba a estação das monções. Isto leva a pensar que a seca na África Subsariana se deve, pelo menos em parte, ao aquecimento do planeta provocado pelo homem. Não foi por acaso que a violência deflagrou em plena seca. Até lá, os pastores nómadas árabes tinham convivido pacificamente com os agricultores sedentários. Mas, quando deixou de chover, os agricultores ergueram barreiras à volta das suas terras, com receio de que elas fossem destruídas quando da passagem dos rebanhos. Pela primeira vez, não houve água nem alimentos suficientes para todos. E eclodiram os combates que, em 2003, se transformaram na verdadeira tragédia que hoje são. Mas é importante lembrar como tudo começou, pois é uma chave para o futuro.”…
E isto faz-me pensar no que poderá acontecer, dentro de dois ou três séculos, quando a água começar a escassear a nível mundial, no caso de continuar o aquecimento da Terra. Mas essa situação já não será para os nossos dias…
E isto também me faz pensar nas ‘razões’ da actual guerra do Iraque e no que poderá suceder daqui a 20 ou 30 anos quando as reservas mundiais de petróleo estiverem mesmo no ‘casco’. Mas esse cenário até poderá ocorrer nos nossos dias ou dos nossos filhos… É já amanhã!
* Visão nº 746, de 21/06/2007
1 comentário:
hum...não me convence!!mas melhor explicado aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult2707u306792.shtml
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